OBSERVAÇÃO: esse ensaio não foi feito com nenhum intuito jornalístico e sim com o objetivo de fazer da fotografia um registro lúdico que brinca com a realidade que vivemos nesse momento. Me baseei no conceito da arte conceitual criada a partir dos anos 60, época em que a fotografia começou a ter um papel importante dentro da difusão e da representação de performances artística.
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Sempre me foi dito que falar palavrão era feio, desrespeitoso e que eu não deveria fazer isso. Desde de criança, confesso que tenho a boca suja. Hoje, acredito que menos.
Toda vez que me escapava um palavrão, alguma tia gritava do outro lado: “boca suja, lava a boca dele com sabão”. Na escola, me diziam que isso não era legal. Em casa, já tomei muita bronca por isso.
Hoje, 17 de março, vi na TV que a Av. Paulista, em S. Paulo, estava tomada por manifestantes contra o atual governo federal. Peguei minha bike e corri para lá. Quando cheguei, pensei que deveria fazer algo diferente dos outros milhares de fotógrafos.
Logo na minha chegada já comecei a ouvir: “Hey Dilma, vai tomar no cú”, “Lula filho da puta”, “Dilma puta”, entre outras coisas. Pensei na hora. Pessoal boca suja!
Foi então que comecei a fazer o ensaio “Movimento Boca Suja”. Baseado em uma performance política, criei uma ação fictícia (falei para o personagem que sua boca estava suja) para fotografar sua reação (a limpeza da boca).
Elas limpavam.